Motivação:

Quando decidimos estabelecer que este projeto fosse acessível ao grande público da internet, sabíamos da quantidade de pessoas que poderíamos atingir. Dizemos poderíamos porque somos cautelosos e humildes, uma vez que certamente reconhecemos a gigantesca oferta: sites de literatura de inquestionável qualidade pululam no vale fértil das redes sociais, e outros, não tão preocupados com o selo qualitativo, seguem logo atrás na semeadura das letras nesta terra de ninguém - não em menor número, paradoxalmente. A literatura, por incrível que pareça, se alastra não como uma bela cultura vegetal, como uma bisonha erva daninha, porém, procurando absorver fama mineral que alimente o ego seco da raiz. Eis no que diverge o nosso trabalho e o desta horda de escritores que têm aterrorizado os dias com seus autógrafos, espadas e lanças: não necessitamos de visibilidade. Não faz a mínima diferença o número de pessoas que visualizará este blog, faz diferença apenas o fato dele existir. A intenção é ofertar um registro fiel dos dias de um homem cuja existência foi dedicada à busca da beleza, da suavidade, da paz, do amor em todas as suas incontáveis formas, ainda que tenha sido o conflito a via pela qual viajou durante a maior parte do tempo. Venkon Sinjoro Serena reconhece em si mesmo uma expressão ímpar na literatura, ainda que este fato não mereça nem celebração nem repúdio: abre um caminho entre as matas, uma faca de prata nas mãos evoca luz, eis uma estrada! Ali segue o poeta, sozinho...

v. s. s.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Para um menino
Que nasceu sem pai
Qualquer influência pode
Ser uma alegria ou uma tristeza,
É isto: não ter pai é não saber medir,
Não saber aguardar, desconhecer
Planejamentos, ignorar um mundo
Silencioso e masculino.
Ninguém que possa ensinar
A complexa arte de afiar facas,
Ninguém que saiba que olhares
Severos são também templos
De candura paternal.
Onde a firmeza
Necessária
À gentileza?


- Um menino
Sem pai
Nasce
Ao avesso...

Uma alegria,
Se o amor que faltou
É redobrado e afirmado
Por aqueles que ficaram...

Uma tristeza,
Porque, a quem foi abandonado
Uma vez sequer,
Todo amor do mundo
Sufoca.

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