Motivação:

Quando decidimos estabelecer que este projeto fosse acessível ao grande público da internet, sabíamos da quantidade de pessoas que poderíamos atingir. Dizemos poderíamos porque somos cautelosos e humildes, uma vez que certamente reconhecemos a gigantesca oferta: sites de literatura de inquestionável qualidade pululam no vale fértil das redes sociais, e outros, não tão preocupados com o selo qualitativo, seguem logo atrás na semeadura das letras nesta terra de ninguém - não em menor número, paradoxalmente. A literatura, por incrível que pareça, se alastra não como uma bela cultura vegetal, como uma bisonha erva daninha, porém, procurando absorver fama mineral que alimente o ego seco da raiz. Eis no que diverge o nosso trabalho e o desta horda de escritores que têm aterrorizado os dias com seus autógrafos, espadas e lanças: não necessitamos de visibilidade. Não faz a mínima diferença o número de pessoas que visualizará este blog, faz diferença apenas o fato dele existir. A intenção é ofertar um registro fiel dos dias de um homem cuja existência foi dedicada à busca da beleza, da suavidade, da paz, do amor em todas as suas incontáveis formas, ainda que tenha sido o conflito a via pela qual viajou durante a maior parte do tempo. Venkon Sinjoro Serena reconhece em si mesmo uma expressão ímpar na literatura, ainda que este fato não mereça nem celebração nem repúdio: abre um caminho entre as matas, uma faca de prata nas mãos evoca luz, eis uma estrada! Ali segue o poeta, sozinho...

v. s. s.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Quem disse que a carne
Não esconde grandes segredos
Não sabe o que disse:
A parte mais linda da criação
É o encontro dos corpos,
O vibrante toque
Da matéria.

A natureza
Em tudo aquilo
Que faz é plena,
Inquestionável:
Se criou naturalmente

Os reinos mais elevados
Do ser, é menos natural
O que está mais abaixo?
Nada, nada existe

Sem que haja necessidade,
A existência
Em si é uma urgência:
Quem disse que a carne
Não esconde grandes
Segredos não sabe o que disse.

O que é mais lindo
Do que o encaixe perfeito
Dos corpos? Um marceneiro
Suave talhou com amor
A madeira agora lisa
Que às outras madeiras se encaixa
Sem requerer nenhum
Ajuste.

Quem disse
Que a carne
Não escode
Grandes segredos?

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