Motivação:

Quando decidimos estabelecer que este projeto fosse acessível ao grande público da internet, sabíamos da quantidade de pessoas que poderíamos atingir. Dizemos poderíamos porque somos cautelosos e humildes, uma vez que certamente reconhecemos a gigantesca oferta: sites de literatura de inquestionável qualidade pululam no vale fértil das redes sociais, e outros, não tão preocupados com o selo qualitativo, seguem logo atrás na semeadura das letras nesta terra de ninguém - não em menor número, paradoxalmente. A literatura, por incrível que pareça, se alastra não como uma bela cultura vegetal, como uma bisonha erva daninha, porém, procurando absorver fama mineral que alimente o ego seco da raiz. Eis no que diverge o nosso trabalho e o desta horda de escritores que têm aterrorizado os dias com seus autógrafos, espadas e lanças: não necessitamos de visibilidade. Não faz a mínima diferença o número de pessoas que visualizará este blog, faz diferença apenas o fato dele existir. A intenção é ofertar um registro fiel dos dias de um homem cuja existência foi dedicada à busca da beleza, da suavidade, da paz, do amor em todas as suas incontáveis formas, ainda que tenha sido o conflito a via pela qual viajou durante a maior parte do tempo. Venkon Sinjoro Serena reconhece em si mesmo uma expressão ímpar na literatura, ainda que este fato não mereça nem celebração nem repúdio: abre um caminho entre as matas, uma faca de prata nas mãos evoca luz, eis uma estrada! Ali segue o poeta, sozinho...

v. s. s.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Eis
A verdade: sou
O lado escuro
Da lua, a intuição
Sutilíssima e negra,
A quinta-feira
Esquecida no passado
E também
A semana
Que vem...

O que não englobo?
Tudo me pertence
E eu pertenço ao todo.
Não gozo a minha vida,
Gozo a própria ilusão,
Aquilo que chamamos
Realidade, mas não sabemos
A essências das frases
Vagas, as lâminas
Cegas, as tardes
Mudas que não passam...
Amo estas tristezas
Tanto que para mim
São felicidades!

Me deixo levar pelo vento
E pelo farfalho de árvores
Que parecem monstros
No escuro.
Não quero
Me preocupar - há
Um motivo, é óbvio,
Há um motivo por detrás
Disto que experiencio
Quase sem querer...
Há um motivo, é
Óbvio!

Se este mundo e estes dias
Fossem para ser levados a sério,
Aí então é que seria impossível
Qualquer coisa como sanidade,
Bom senso ou razão... Abaixo
As ordens todas:

Porque quero viver,
Mordo,
Porque quero amar,
Mato.

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