Motivação:

Quando decidimos estabelecer que este projeto fosse acessível ao grande público da internet, sabíamos da quantidade de pessoas que poderíamos atingir. Dizemos poderíamos porque somos cautelosos e humildes, uma vez que certamente reconhecemos a gigantesca oferta: sites de literatura de inquestionável qualidade pululam no vale fértil das redes sociais, e outros, não tão preocupados com o selo qualitativo, seguem logo atrás na semeadura das letras nesta terra de ninguém - não em menor número, paradoxalmente. A literatura, por incrível que pareça, se alastra não como uma bela cultura vegetal, como uma bisonha erva daninha, porém, procurando absorver fama mineral que alimente o ego seco da raiz. Eis no que diverge o nosso trabalho e o desta horda de escritores que têm aterrorizado os dias com seus autógrafos, espadas e lanças: não necessitamos de visibilidade. Não faz a mínima diferença o número de pessoas que visualizará este blog, faz diferença apenas o fato dele existir. A intenção é ofertar um registro fiel dos dias de um homem cuja existência foi dedicada à busca da beleza, da suavidade, da paz, do amor em todas as suas incontáveis formas, ainda que tenha sido o conflito a via pela qual viajou durante a maior parte do tempo. Venkon Sinjoro Serena reconhece em si mesmo uma expressão ímpar na literatura, ainda que este fato não mereça nem celebração nem repúdio: abre um caminho entre as matas, uma faca de prata nas mãos evoca luz, eis uma estrada! Ali segue o poeta, sozinho...

v. s. s.

sábado, 20 de dezembro de 2014

I

Tenho cometido
Esforços hercúleos
Para abusar de todas
As drogas do mundo
E, por doença autoinduzida,
Parar de pensar, talvez parar
De ser. Eu sou insaciável!

Quando a sede é eterna
A consciência
É um insulto.


II

No meu pátio há
Uma parreira muito alta
Que dá frutos divinos:
Nunca alcancei-os
Com as mãos!
Nunca alcancei-os
Com as mãos,
Porém fiquei
De boca aberta
Abaixo, esperando:
Abocanhei no ar
Um ou outro,
Mas nunca alcancei-os
Com as mãos...

Esta parreira
É a arvore
Da vida,
Do conhecimento
Do bem e do mal -
Esta parreira é colossal
E seus frutos são inalcançáveis
Às mãos de quem
Não sabe dos sussurros
Das colheitas
E dos segredos
Dos sonhos...


III

No meu pátio:
Tuas raízes abafam
Todas as vozes insignificantes
Do mundo.

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