Motivação:

Quando decidimos estabelecer que este projeto fosse acessível ao grande público da internet, sabíamos da quantidade de pessoas que poderíamos atingir. Dizemos poderíamos porque somos cautelosos e humildes, uma vez que certamente reconhecemos a gigantesca oferta: sites de literatura de inquestionável qualidade pululam no vale fértil das redes sociais, e outros, não tão preocupados com o selo qualitativo, seguem logo atrás na semeadura das letras nesta terra de ninguém - não em menor número, paradoxalmente. A literatura, por incrível que pareça, se alastra não como uma bela cultura vegetal, como uma bisonha erva daninha, porém, procurando absorver fama mineral que alimente o ego seco da raiz. Eis no que diverge o nosso trabalho e o desta horda de escritores que têm aterrorizado os dias com seus autógrafos, espadas e lanças: não necessitamos de visibilidade. Não faz a mínima diferença o número de pessoas que visualizará este blog, faz diferença apenas o fato dele existir. A intenção é ofertar um registro fiel dos dias de um homem cuja existência foi dedicada à busca da beleza, da suavidade, da paz, do amor em todas as suas incontáveis formas, ainda que tenha sido o conflito a via pela qual viajou durante a maior parte do tempo. Venkon Sinjoro Serena reconhece em si mesmo uma expressão ímpar na literatura, ainda que este fato não mereça nem celebração nem repúdio: abre um caminho entre as matas, uma faca de prata nas mãos evoca luz, eis uma estrada! Ali segue o poeta, sozinho...

v. s. s.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Escrevo estas poesias
Todas: isto é tudo. Não
Há um mísero propósito
Por trás deste ato inconvencional.
Eu passarei
Em breve, elas passarão
Depois.

Mesmo que não passássemos,
Que adianta? Há gente demais!
Há muita voz e pouco ouvido.
Talvez sobre egoísmo
Em meus sonhos, mas qual o sonho
Que não se principia
No individual?

Não, não é possível, é loucura, absurdo:
Em algum lugar isto há de ficar
Gravado como que em uma memória,
Desenhado como que em um quadro,
Audível como que em um uma canção!
Deus! Deus incerto é a resposta!
Deus extraterrestre, deus apóstata,
Absurda, absurda toda esta comoção
De átomos e vibrações minúsculas
E luz solar tenra sobre a pele
Em uma manhã em que se sente
Preguiça e continuar na cama pelo resto
Do dia parece uma possibilidade magnífica.

Escrevo estas poesias todas: mais uma
Agora, mas isto é tudo. Deixar completamente
De lado as perguntas tolas que faço: eis que tive
Uma boa ideia finalmente: Vou viver.
Vou viver! É o que sempre digo: vida!
Executar a vida é muito mais difícil
Do que pronunciar a vida, porém...

Escrevo estas poesias... Não vou reclamar.
Talvez seja a única função
Que eu possa cumprir por aqui... De resto...
Onde me encaixo? Isto é tão natural!

Vou latir! Vou latir, sou um cão vagabundo:
Escrevo - isto é tão natural!

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