I
Que morri, algumas
Foram no meio do deserto.
Todas as vezes que nasci,
Nasci no meio do deserto:
Voltar ao lar é uma questão
De opção na hora da morte.
Já morri engasgado,
Já morri queimado e afogado,
Já me condenaram injustamente
À forca em outra vida, mas também,
Dentre estas inúmeras possibilidades
De fraquezas do ser, já errei confessamente,
Não sem ter sofrido, na hora ou depois, mágoa
E arrependimento. Deus sabe o que faz: só ele e eu
Sabemos o que aprendi com meus erros.
Abram os olhos, meus irmãos, eu imploro no final deste poema:
A vida, apesar de individualmente efêmera, é infinita no coletivo.
Das inúmeras vezes que morri, renasci todas elas. Deus sabe
O que faz.
II
Em outra
Vida fui
Um sufista:
Girei, girei, girei
Em torno de mim
Mesmo e dei de cara
Com uma luz impronunciável:
Eu.
Eis o nome do bem amado: Eu.
Eis o nome de deus, acima de tudo: Eu.
Eis o nome de tudo, acima e abaixo,
Mesmo a possibilidade de tudo: Eu.
Eu sou
O caminho
A verdade e a vida:
Oferto ao mundo minha alegria!
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