Motivação:

Quando decidimos estabelecer que este projeto fosse acessível ao grande público da internet, sabíamos da quantidade de pessoas que poderíamos atingir. Dizemos poderíamos porque somos cautelosos e humildes, uma vez que certamente reconhecemos a gigantesca oferta: sites de literatura de inquestionável qualidade pululam no vale fértil das redes sociais, e outros, não tão preocupados com o selo qualitativo, seguem logo atrás na semeadura das letras nesta terra de ninguém - não em menor número, paradoxalmente. A literatura, por incrível que pareça, se alastra não como uma bela cultura vegetal, como uma bisonha erva daninha, porém, procurando absorver fama mineral que alimente o ego seco da raiz. Eis no que diverge o nosso trabalho e o desta horda de escritores que têm aterrorizado os dias com seus autógrafos, espadas e lanças: não necessitamos de visibilidade. Não faz a mínima diferença o número de pessoas que visualizará este blog, faz diferença apenas o fato dele existir. A intenção é ofertar um registro fiel dos dias de um homem cuja existência foi dedicada à busca da beleza, da suavidade, da paz, do amor em todas as suas incontáveis formas, ainda que tenha sido o conflito a via pela qual viajou durante a maior parte do tempo. Venkon Sinjoro Serena reconhece em si mesmo uma expressão ímpar na literatura, ainda que este fato não mereça nem celebração nem repúdio: abre um caminho entre as matas, uma faca de prata nas mãos evoca luz, eis uma estrada! Ali segue o poeta, sozinho...

v. s. s.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

O azul profundo
Do céu é uma torre
Em um templo: ando
Pelas manhãs claras
De sol como quem anda
Entre quatro paredes
De alvo mármore.

A cada passo que dou
Me questiono um pouco mais
- Não há nada para o pensamento
Como uma manhã fresca de inverno
Quando é ensolarado o momento:
O que existe do lado de fora
Do tudo? Outra realidade além
Da realidade?

Os dias são templos claros
Para quem deseja meditar
Em silêncio sobre deus.
Toma a tua esteira nas mãos
E a estende depois sobre
A terra humilde de fronte
Ao mar: ali te quedarás silencioso,
Verás aves oceânicas, areia diversa,
Luz sem possibilidade de sombra,
E ouvirás, enfim, o som da canção
- Jazes sentado e sério, sereno,
Enfim te entregaste
De olhos fechados.


Ah, não há acústica
Como a acústica do templo
Ensolarado e arejado, do templo
Do lado de fora!
Ouvirás a canção
E pensarás
Sem pensar,
Questionarás
Sem questões:

Existe uma realidade
Além da realidade? Qual a cor
Dos olhos de deus?

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